sábado, 29 de março de 2014

Comendo bem e ganhando peso

Saindo do Pinel agora, Hospital Psiquiatrico ou, no linguajar mais moderno, CAISM. Q é Centro de Atendimento Instensivo em Saúde Mental ou qqer coisa bem parecida.

Estamos, eu e uma amiga, acompanhando um amigo recente. No dia 1/01 ele saiu de debaixo do Minhocão e pediu ajuda para se tratar e "parar de usar droga". Queria desesperadamente duas coisas: remedio e ser internado. Resoluto, determinado.

Olha, se nao fosse pela Maria Paula, ele estaria ainda na Rua da Amargura. Dps de mtas idas e vindas, conseguiu no Cratod a entrada pela qual tanto ansiava para a internaçao no Pinel.

Está amando. O respeito ao ritmo dele, o "quarto com televisão", a "comida à vontade". "Olha, de cada cinco funcionarios aqui, quatro é muito gente boa. Outro dia não dava pra jogar bola pq nao tinha gente pra formar dois times, o tio que fica ali na segurança foi com a gente la em cima colher goiaba, jaboticaba". E "a gente joga futebol, desenha, faz academia, faz artesanato, o que quiser. E come bem, a comida é uma delicia".

Se tem uma coisa que usuário de crack em tratamento tem orgulho é de ganhar peso. "Entrei aqui com 56, ja to com 63". 15 dias de tratamento.

E o medo q os q estao determinados em "largar as drogas" tem é de sair logo de lá. Sair antes de estar firmes, confiantes.

Das mães, entao, nem se fala. Só as mães sabem... Sabem o que passaram uma, duas, duzentas vezes. Largam, recaem, roubam, somem, voltam, agridem, vão presos, choram arrependidos, ficam um mes sem usar, recaem... Ver os filhos bem cuidados só aperta o coração pq depois não sabem se eles e elas vão segurar a onda. (A gente conversa no grupo antes de entrar pra visita).

Aí eu me desgosto mais uma vez com os clichês, os slogans, os dogmas. De gente que abomina internaçao, como se nao fosse indicado para crise aguda de qqer doença grave. Que quer a extinção de hospitais psiquiátricos, confundindo com os manicômios. Ou acha q é discriminação e exclusao e nao aceita um lugar especializado, como outros sao em cancer, queimados ou coraçao. Tem gente que defende a "liberdade" de ficar muito doente. Eu prefiro fazer o que puder para ajudar uma pessoa a deixar de sofrer - e de correr o risco, por exemplo, de matar alguem.

As politicas publicas tem de ser universais mas atender às singularidades. "Internaçao, só em último caso".

Nosso amigo Andre morava na rua. A família já não tinha mais forças (dinheiro, esperança, saco) pra aguentar. Ele queria ser internado. Ter de passar uma vez por semana por um grupo, com hora pra começar e terminar, em um lugar em q ele nao bateu o santo era um passo q ele nao conseguia suportar.

Assim como alguns precisam do rigor e vigor de uma igreja para se curar e para outros nao serve, alguns se dao bem no protocolo sem internação e outros não.

Andre está muito feliz consigo, se reconciliando com a familia q ja nao botava a menor fé nele, ansiando pela saída. Mas compreende q, ja tendo a alta médica, agora aguarda mais uns dias pela alta hospitalar, q vira na semana q vem dps de a equipe multidisciplinar do hospital assegurar um encaminhamento para os proximos passos. Que daremos ao lado dele, porque sem companhia e confiança eles não aguentam.

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